Como vemos a nós mesmos? Toda uma tradição filosófica responde que precisamos questionar “nossa consciência”. Se fizermos isso, explica essa tradição, que pode ser descrita como egológica, descobriremos que essa consciência se torna “consciência de si” quando toma o próprio sujeito como seu objeto e o reconhece como tal. O sujeito da consciência é seu próprio objeto (ego). Por meio de sua consciência, concluímos, cada um é dado a si mesmo como um sujeito (ou, mais precisamente, como um (…)
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Descombes / Vincent Descombes
VINCENT DESCOMBES (1943)
Le parler de soi. Paris: Gallimard, 2014
Matérias
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Descombes (2014:II.III.2) – a dação do si mesmo
11 de outubro de 2024, por Cardoso de Castro -
Descombes (2014:C3) – o intraduzível em Descartes
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroHeidegger chamou a atenção para as duas maneiras de colocar a questão do “ser” de alguém em relação ao que é, uma reificando, a outra apropriada ao fato de que estamos lidando com alguém e não com algo. De acordo com ele, quando alguém pergunta sobre si mesmo, sobre seu próprio ser, ele deve perguntar quem sou eu e não o que sou eu.
Mas, como vimos, é exatamente isso que Descartes faz várias vezes nas Meditações. Ele não apenas pergunta o que ele é como ser pensante, mas às vezes faz a (…) -
Descombes (2014:C3) – o quê e o quem
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroVários comentaristas recentes enfatizaram que Descartes, nas Meditações Metafísicas, escapou — pelo menos por um tempo, principalmente durante a Segunda Meditação — do que eles consideram ser as restrições da metafísica tradicional. Nesse ponto, a influência de Heidegger foi decisiva.
Heidegger argumenta que as noções clássicas de ser e existência são equívocas. A filosofia herdada as interpreta usando o par conceitual correspondente em latim às duas palavras quid e quod. Podemos dizer de (…) -
Descombes (2014:II.III.1) – ipseidade
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAtualmente, os filósofos franceses usam a palavra “ipséité” [ipseidade] para traduzir o termo alemão Selbstheit. No léxico da fenomenologia hermenêutica, Selbstheit é o termo usado para designar a relação consigo mesmo em virtude da qual cada um de nós é a pessoa que é, é nós mesmos. “Cada um de nós": o nós aqui engloba todo ser capaz de discursar em primeira pessoa. No entanto, Heidegger preferiu Selbstheit ao mais clássico Ichheit porque queria submeter todas as pessoas gramaticais a esse (…)
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Descombes (2014:PII:C3) – a querela do sujeito
6 de fevereiro de 2024, por Cardoso de Castrodestaque
No século XX, esta forma de conceber a filosofia moderna e a relação dos pensadores modernos com a filosofia antiga foi objeto de uma crítica radical por parte de Heidegger.
Na sua opinião, os filósofos modernos não devem ser tomados à letra quando afirmam ter finalmente identificado a essência da subjetividade ou do si-mesmo (Ichheit, Selbstheit). Na realidade, explica Heidegger, longe de terem descoberto a subjetividade, Descartes e os seus herdeiros perderam-na completamente (…) -
Descombes (2014:Apêndices) – O que é o eu?
11 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO que é o eu?
Se um homem fica em uma janela para olhar os transeuntes, posso dizer que ele ficou ali para olhar para mim? Não, porque ele não está pensando em mim em particular. Mas se você ama alguém por causa de sua beleza, você o ama? Não, porque a varíola, que mata a beleza sem matar a pessoa, significa que ele não a amará mais.
E se me amam por meu discernimento, por minha memória, será que me amam? Não, pois posso perder essas qualidades sem perder a mim mesmo. Onde está esse eu, (…)