Uma tese de Heidegger, aparentemente negligenciada atualmente, aprofunda o abismo que separa os dois modos ou níveis de temporalidade. Em sua forma lábil ou evanescente, o tempo derivado é ilimitado. O infinito e a inautenticidade andam juntos. O finito, por outro lado, é o tempo da temporalidade original. Esse ser-finito ou finitude não resulta de nenhum início ou fim do tempo ou de nosso próprio tempo. O finito é, antes de tudo, aquilo que participa de alguma forma do nada. Já sabemos que (…)
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Birault / Henri Birault
BIRAULT, Henri. Heidegger et l’expérience de la pensée. Paris: Gallimard, 1978.
Matérias
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Birault (1978:38-39) – finitude e morte
29 de setembro de 2024, por Cardoso de Castro -
Birault (1978:472-475) – a essência da verdade é a liberdade
22 de dezembro de 2023, por Cardoso de Castrodestaque
A afirmação de Heidegger de que a liberdade é a essência da verdade não tem o sentido moderno e, se quisermos, existencialista que lhe queremos dar. Longe de [474] pensar a verdade a partir da liberdade, Heidegger não tardará a relacionar essa mesma liberdade com uma verdade mais originária que a da proposição: a verdade ou a iluminação do ser, o deixar-ser do ser do ente. Podemos já adivinhar que a liberdade como deixar-ser é mais respeitadora do ser das coisas do que o poder (…) -
Birault (1978:134-137) – o ser em termos da ideia platônica
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroO ser de todo ente, o que pode ser chamado de sua entidade — die Seiendheit, os gregos o chamavam de οὐσία. Sabemos que Platão determina οὐσία em termos de εἶδος ou ἰδέα. Também sabemos que a palavra ideia designa, antes de tudo, a face, a forma ou o tipo de todas as coisas. Por fim, sabemos que essa determinação do ser em termos de uma ideia faz parte do conhecido privilégio do olho, do ver ou da visão na existência, no pensamento e na arte dos helenos. E quando se trata do privilégio da (…)
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Birault (1978:132-134) – valor
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroValor (latim valere) refere-se, em primeiro lugar, à valentia e ao poder, à saúde e à integridade de uma coisa ou de um ser. O valor ainda está livre de qualquer avaliação ou estimativa: ele é pensado em termos de ser ou perfeição.
Valor sem avaliação, estima sem estimativa, é o que a palavra grega ἀξίωμα também diz, e melhor ainda. “A “destruição” heideggeriana da moderna concepção “axiomática” ou “axiológica” da noção de valor. “O grego ἀξίωμα”, lembra Heidegger, ‘é derivado de ἀξιόω, eu (…) -
Birault (1978:31-33) – tempo no horizonte do tempo
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroEntre uma definição tautológica e uma interpretação distorcida do tempo, Heidegger corajosamente escolhe a primeira. No entanto, essa escolha só é possível porque a definição aristotélica não é mais entendida como uma definição no sentido escolástico do termo: ela não define o tempo como tal, mas apenas uma maneira de abordar o tempo para que ele se torne acessível a nós. Significação fenomenológica e não mais lógica da definição: o tempo sempre precede a si mesmo. Portanto, o relógio só nos (…)
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Birault (1978:16-17) – Amplitude da temporalidade derivada
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroAmplitude da temporalidade derivada. Estreiteza da temporalidade original. Tudo no mundo, tudo o que é de qualquer natureza e de qualquer forma, está inscrito no tempo do mundo: o físico não menos que o psíquico, o objetivo não menos que o subjetivo, o transcendente não menos que o imanente. Além disso, o atemporal, por sua vez, não é menos temporal do que o temporal; na verdade, é ainda mais. Pensado em sua própria verdade, o atemporal é o onitemporal. Eternas, nesse aspecto, não são, por (…)
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Birault (1978:33-35) – o tempo mais próximo, a presença [Anwesen]
29 de setembro de 2024, por Cardoso de CastroAs várias características da temporalidade derivada manifestam um contraste com as características da temporalidade original. Não vamos catalogá-las. Vamos apenas enfatizar a novidade devastadora da invenção de Heidegger. Heidegger, de fato, inventa um novo tempo, ou melhor, um novo sentido de tempo. Nunca, jamais, se pensou no tempo dessa maneira. Heidegger pode se debruçar sobre toda a história da filosofia, mas não a encontrará, exceto por um breve momento, em um lugar muito estreito , e (…)
Notas
- Birault (1978:11-12) – presença, An-wesen, παρουσία
- Birault (1978:14-16) – tempo
- Birault (1978:35) – O ser, como um poder possibilitador e desejante, é o possível
- Birault (1978:35-36) – prodigalidade do tempo
- Birault (1978:36-37) – advir e futuro
- Birault (1978:366-367) – a superação da filosofia
- Birault (1978:37) – ter-sido e passado
- Birault (1978:37-38) – o presente da temporalidade
- Birault (1978:392-393) – sentido do ser e verdade do ser
- Birault (1978:40-41) – Ereignis
- Birault (1978:42-43) – Tempo e Natureza