Rogério Bettoni
Nietzsche oferece uma visão da consciência como atividade mental formadora de vários fenômenos psíquicos, mas que também é formada – consequência de um tipo distinto de internalização. Em Nietzsche, que distingue consciência de má consciência, consta que a vontade se volta sobre si mesma. Mas que sentido devemos dar a essa estranha locução? Como podemos imaginar uma vontade que recua e se redobra sobre si mesma? E como, mais pertinentemente, essa figura é oferecida como (…)
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Wille / Wollen / Wille zum Willen / Wille zur Macht / Nicht-Wollen
Wille / volonté / vontade / voluntad / the will / Wollen / willing / querer / vouloir / Wille zum Willen / volonté de volonté / vontade de querer / vontade de vontade / will for will / voluntad de voluntad / Wille zur Macht / volonté de puissance / vontade de poder / voluntad de poder / will to power / Nicht-Wollen / não-querer
A metafísica de Nietzsche
Nietzsche
Friedrich Nietzsche
FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
deixa claro na vontade de poder o penúltimo grau do desdobramento volitivo do ser do ente como vontade de querer (GA7
GA7
GA 7
GA VII
GA7PT
GA7FR
GA7ES
Vorträge und Aufsätze (1936–1953), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 2000. — Ensaios e conferências
:79). Por vontade de poder é preciso entender a primazia absoluta da razão e do cálculo que determina a totalidade disto que é. (LDMH
LDMH
ARJAKOVSKY, P., FÉDIER F. et FRANCE-LANORD, H., Le Dictionnaire Martin Heidegger. Paris: CERF, 2013.
)
WILLE E DERIVADOS
Matérias
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Butler (1997:C2) – auto-identidade da vontade
22 de fevereiro de 2024, por Cardoso de Castro -
Raffoul (2010:8-10) – quatro temas na interpretação tradicional de responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroQuatro temas governam a interpretação tradicional da responsabilidade, o que chamaríamos de quatro "conceitos fundamentais" do discurso tradicional da responsabilidade:
1. The belief that the human being is an agent or a subject, i.e., the reliance on subjectivity (with subjectum in its logical or grammatical sense of foundation) as ground of imputation. A critique of such a subject, whether Nietzschean in inspiration, phenomenological or deconstructive, will radically transform our (…) -
GA43: Estrutura da Obra
9 de fevereiro de 2017, por Cardoso de CastroTrad. brasileira de Marco Antonio Casanova
-* Nietzsche como pensador metafísico O livro A vontade de poder Planos e trabalhos preliminares para a obra capital A unidade entre vontade de poder, eterno retorno e transvaloração A estrutura da "obra central" O modo de pensar nietzschiano como inversão O ser do ente como vontade na tradição metafísica A vontade como vontade de poder Vontade como afeto, paixão e sentimento A interpretação idealista da doutrina nietzschiana da vontade Vontade (…) -
Raffoul (2010:4-7) – Responsabilidade
20 de junho de 2023, por Cardoso de CastroIronicamente, essa “ideologia de responsabilidade” predominante é muitas vezes acompanhada por uma negligência singular da reflexão genuína sobre os sentidos da responsabilidade, sobre o que significa ser responsável. A responsabilidade é simplesmente assumida como significando a responsabilização [accountability] do agente livre.
Nietzsche’s critique of morality opens the way for a new engagement with the concept of responsibility, henceforth freed from its association with a metaphysics (…) -
Flusser (2018:23-36) – concentração - pensamento - vontade
29 de maio de 2020, por Cardoso de CastroOs exercícios mentais que fazem parte da disciplina da ioga começam pela “concentração”. Aquele que, movido por curiosidade ou por descrença nos métodos ocidentais do conhecimento, compra uma Introdução aos Segredos do Yoga e ensaia esse primeiro exercício mental sofre um choque curioso. O livro recomenda, em síntese, a eliminação de todos os pensamentos, salvo um único arbitrariamente escolhido. Parece tratar-se, portanto, de uma recomendação de fácil execução. O choque de surpresa reside (…)
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GA48: Estrutura da Obra
10 de fevereiro de 2017, por Cardoso de CastroTrad. brasileira Marco Antonio Casanova
-* Os cinco títulos centrais no pensamento de Nietzsche O niilismo enquanto «desvalorização dos valores supremos» Niilismo, nihil e nada O conceito nietzschiano de cosmologia e de psicologia A proveniência do niilismo. Suas três formas Os valores supremos enquanto categorias O niilismo e o homem da história ocidental A nova instauração de valores O niilismo enquanto história Instauração de valores e vontade de poder A subjetividade na interpretação (…) -
Henry (1985:77-78) – entendimento e vontade
10 de fevereiro de 2022, por Cardoso de CastroEm todo caso, o próprio ver foi posto entre parênteses pela redução e não é enquanto fundados por ele, enquanto encontram nele o que faria deles modos do pensamento, que o sentido e a imaginação podem ser assimilados na segunda definição como modos absolutamente certos e que escapam da dita redução – muito menos, aliás, poderia o próprio intellectus se não estivesse sustentado, em seu fundo, pelo poder de um modo mais originário de aparecer, irredutível a esse poder e, além disso, (…)
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Davis (2007:18-20) – não-querer e não-vontade
5 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroO “domínio da vontade” inclui, para começar, os extremos polares de uma vontade assertiva e direta, por um lado, e a simples negação ou ausência de vontade, por outro. O domínio da vontade, portanto, engloba não apenas o voluntarismo, mas também sua simples negação, os estados deficientes de vontade que muitas vezes são chamados de quietismo, resignação, passivismo e fatalismo, e aos quais me referirei em geral como “não-querer”. O não-querer é entendido como o simples oposto da afirmação da (…)
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O Absoluto como vontade (Nishida)
17 de dezembro de 2024, por Cardoso de CastroHeisig2001
Mesmo antes de Uma Investigação sobre o Bem ser concluído, Nishida já havia se interessado pelos neokantianos, começando pelos pensadores de Freiburg, Windelband e Rickert. Inicialmente, ele via neles — e também em Husserl — aliados na tentativa de "discutir a questão dos valores teóricos exclusivamente do ponto de vista da experiência pura". Na verdade, isso não passava de um palpite educado de sua parte sobre essa grande corrente da filosofia europeia contemporânea, e acabou (…) -
Arendt (LM2:96-97) – educação moral = educação da vontade
4 de dezembro de 2019, por Cardoso de CastroAbranches et alii
John Stuart Mill, ao examinar a questão da vontade livre, sugere que “a confusão de ideias”, comum nessa área da filosofia, “tem de… ser muito natural para o espírito humano”, e descreve — de maneira menos vivida e também menos precisa, mas com palavras estranhamente semelhantes àquelas que acabamos de ouvir — os conflitos a que está sujeito o ego volitivo. É errado, insiste, descrevê-los como se “ocorressem entre mim e alguma força estranha, a qual conquisto ou pela qual (…) -
Davis (2007:40-42) – decisão [Entschlossenheit] é vontade?
5 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroNão é difícil ouvir certos tons intencionais — se não de fato a melodia de um voluntarismo existencial puro e simples — na noção de “decisão” [Entschlossenheit] em passagens como a seguinte:
A presença [Dasein] decidida se liberta para seu mundo a partir daquilo em virtude de que o poder-ser se escolhe a si mesmo… De acordo com sua essência ontológica, a decisão é sempre decisão de uma determinada presença [Dasein] fática. A essência desse ente é sua existência. Decisão só “existe” (…) -
GA6T2:118-120 – Moral
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroToda metafísica do tipo da instauração de um mundo supra-sensível enquanto o mundo verdadeiro acima do mundo sensível enquanto o mundo aparente emerge da moral. Por isso, a sentença: “Não passa de um preconceito moral dizer que a verdade tem mais valor do que a aparência” (Além do hem e do mal, n. 34; VII, p. 55).
Casanova
Por moral, Nietzsche compreende, na maioria das vezes, o sistema de tais avaliações, nas quais um mundo supra-sensível é estabelecido como normativo e desejável. (…) -
Arendt (RJ:112-115) – razão - desejo - vontade - liberdade
7 de dezembro de 2020, por Cardoso de CastroRosaura Eichenberg
Mencionei anteriormente que o fenômeno da vontade era desconhecido da Antiguidade. Mas, antes de tentar determinar a sua origem histórica, que tem um interesse considerável, vou tentar lhes dar, muito sucintamente, uma breve análise da sua função com respeito às outras faculdades humanas. Para fins de concisão, vou começar com uma simples ilustração. Vamos supor que temos diante de nós um prato de morangos e que desejo comê-los. Esse desejo era certamente conhecido da (…) -
GA6T2:116-121 – a falácia do "homem bom"
20 de maio de 2023, por Cardoso de CastroExcerto de HEIDEGGER, Martin. Nietzsche II. Tr.: Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007, p. 86-89
Casanova
Se a “verdade”, isto é, o verdadeiro e o real, é transplantada para o alto e para o além em um mundo em si, então o ente propriamente dito aparece como aquilo a que toda a vida humana precisa se submeter. O verdadeiro é aquilo que deve ser em si e é desejável. A vida humana só presta para alguma coisa, só é determinada por meio de virtudes corretas, se (…) -
GA77: Wille - vontade
2 de agosto de 2017, por Cardoso de CastroDavis
Scholar: If then, after all that has been said, you are not opposed to science, then it would indeed be revealing and beneficial to the advancement of our conversation if you could say what it is that you really will to gain [wollen] from exerting yourself with us to illuminate the essence of cognition and especially thinking.
Guide : Since you so directly put me on the spot to say something, I must also directly, and therefore insufficiently, reply. What I really will [will] in (…) -
Paul Gilbert (2004:16-18) – a problemática de Maurice Blondel
5 de outubro de 2022, por Cardoso de CastroA análise blondeliana se desenvolve pondo em evidência a potência da “vontade querente”, que tende para o cumprimento de seu desejo aberto indefinidamente, enquanto a “vontade querida” encarna esse élan na particularidade de nossas existências. A relação entre a vontade querente e a vontade querida é precisa: essa última alimenta-se daquela que lhe dá seu élan e da qual é a expressão e a correia de transmissão, sem nunca lhe esgotar a amplidão inteira.
A problemática de Blondel pode ser (…) -
GA36-37:30-33 – o matemático (τὰ μαθήματα)
20 de fevereiro de 2023, por Cardoso de Castrob) Conceito grego do que pode ser ensinado e aprendido (τὰ μαθήματα) e a conexão interna entre o “matemático” e o “método”
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Davis (2007:xxvii-xxix) – Gelassenheit em Eckhart
4 de outubro de 2024, por Cardoso de CastroAlgumas conotações tradicionais de Gelassenheit — por exemplo, como uma libertação da vontade e como um descanso (Ruhe) dentro do movimento ou uma “calma interior” no meio da atividade — são de fato positivamente incorporadas ao pensamento de Heidegger. Mas, talvez em uma tentativa de liberar seu sentido das categorias do pensamento metafísico. Heidegger limita suas referências à história semântica do termo. Uma exceção significativa a esse respeito é sua referência a Meister Eckhart. (…)
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GA6T1:498-499 – vontade de verdade (Willen zur Wahrheit)
3 de maio de 2020, por Cardoso de CastroSe uma vontade de verdade é, contudo, vital para a nossa “vida”, e se, porém, vida significa elevação da vida, uma “realização” cada vez mais elevada da vida e, com isso, uma vitalização do real, então a verdade se transforma, se ela é apenas “ilusão”, “imaginação”, ou seja, algo irreal, em desrealização, em obstáculo, em suma, em aniquilação da vida.
Casanova
Se o pensamento nietzschiano da vontade de poder é o pensamento fundamental de sua filosofia e da metafísica ocidental, então a (…) -
GA47: Estrutura da Obra
10 de fevereiro de 2017, por Cardoso de CastroTrad. brasileira de Marco Antonio Casanova
-* Nietzsche como pensador do acabamento da metafísica A assim chamada "obra capital" de Nietzsche A vontade de poder como princípio de uma nova instauração de valores O conhecimento no pensamento fundamental de Nietzsche sobre a essência da verdade A essência da verdade (correção) como "avaliação" O suposto biologismo de Nietzsche A metafísica ocidental como "lógica" A verdade e o verdadeiro A oposição entre "mundo verdadeiro e mundo aparente" (…)
Notas
- Alain: Cette pensée de plusieurs est-elle elle-même plusieurs ?
- Alain: Que serait le monde sans les idées ?
- Arendt (LM2:83-84) – poder de obedecer e de desobedecer
- Arendt (LM:69) – pensar - querer - julgar
- Arendt (LM:II.1.1) – liberdade e saúde
- Birault (1978:11-12) – presença, An-wesen, παρουσία
- Bret Davis (2007:10) – vontade segundo Levinas
- Bret Davis (2007:12) – Querer quer aquele que quer
- Bret Davis (2007:13) – vontade e metafísica
- Bret Davis (2007:13) – vontade e representação
- Bret Davis (2007:13-14) – ir além da vontade?
- Bret Davis (2007:21-22) – a própria vontade é má?
- Bret Davis (2007:22-23) – vontade, termos chaves
- Bret Davis (2010:8-9) – Dasein é o sítio da ocorrência do ser
- Buzzi (1973) – As ciências são histórias
- Carneiro Leão (1991:106-107) – A técnica moderna é …
- Casanova (GA6:Nota) – Machenschaft
- Davis (2007:xxx-xxxi) – vontade pura
- Emmanuel LEVINAS, « L’intuition »
- Espinosa (E 1, 32): vontade
- GA18:19-21 – ζωον λόγον εχον
- GA18:213-214 – poiesis (ποίησις)
- GA18:28-29 – a alma é οὐσία
- GA18:299-300 – δύναμις
- GA18:89 – telos (τέλος) e teleion (τέλειον)
- GA19:59-60 – νοῦς e διανοεῖν
- GA19:69-70 – mathematika (μαθηματικά)
- GA5:258 – O ser tornou-se valor
- GA65:51 – vontade
- GA6T1:15-16 – Sentido do ser
- GA6T1:37-38 – querer e aspirar
- GA6T1:57 – A própria vontade nunca pode ser querida
- GA6T2:461-462 – Ser - objetividade (vontade)
- GA77:105-106 – pensar é querer…
- GA77:106-107 – Nicht-Wollen / non-willing
- GA77:78 – vontade
- GA7:14 – τέχνη e έπιστήμη
- GA8:95-96: Wollen - querer
- Gilvan Fogel (Nietzsche) – Vida em Nietzsche
- Heidegger: L’« enchaînement de la vie »
- Heidegger: La question de la « vie »
- Heidegger: vontade e ser em Schelling
- LDMH: Möglichkeit - Possibilidade
- Luijpen (1973:100-101) – Exclusão do "problema critico" ?
- Maritain: Inutile et nécessaire Métaphysique !
- Masson-Oursel: « Positivité » de la métaphysique ?
- Nietzsche (ABM:§19) – vontade, querer e livre-arbítrio
- Platon: Ainsi parlait… Calliclès !
- Platon: Les philosophes : Beaux parleurs ?… ou vrais penseurs ?
- Safranski (SB:379-380) – a vontade em Schopenhauer
- Safranski (SB:411-412) – corpo e vontade
- Safranski: corpo e vontade em Schopenhauer
- Schopenhauer (MVR1:165) – vontade e corpo
- Schopenhauer (MVR1:187) – vontade própria
- Schopenhauer (MVR1:530-531) – coisa-em-si - vontade - moral
- Schopenhauer (MVR2:170-171) – vontade
- Schopenhauer (MVR2:313-314) – corpo = objetivação da vontade
- Sloterdijk (2012:11-12) – "saber é poder"
- Sloterdijk (2012:275-277) – vontade de autenticidade