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Soi-même comme un autre

Ricoeur (1990) – a consciência

Vers quelle ontologie?

  • A empresa de ter a consciência – no sentido do alemão Gewissen – como o lugar de uma forma original de dialética entre ipseidade e alteridade, e seus desafios

    • O primeiro desafio: a metáfora da voz e do apelo adicionando uma dimensão inédita aos conceitos de base da ética e a concretização deste excedente de sentido em noções suspeitas como a "má" e a "boa" consciência
      • A ocasião de pôr à prova a tese segundo a qual a atestação da ipseidade é inseparável de um exercício de suspeita
    • O segundo desafio: a questão de se a consciência, supondo que se possa libertar do jugo dos preconceitos ligados à "boa" e à "má" consciência, designa um fenômeno distinto da atestação do nosso poder-ser
      • O desafio de precisar os fenômenos tais como a injunção ou a dívida que a metáfora da voz parece designar, frente a esta versão não moral da consciência
    • O terceiro desafio: a questão de se a parte de alteridade que aí se deixa discernir é outra que a alteridade de outrem, se a injunção ou a dívida constituem o último requisito da consciência
      • O que legitima atribuir um lugar, um lugar distinto, ao fenômeno da consciência, no plano dos "grandes gêneros" do Mesmo e do Outro
  • A problemática da consciência pela porta da suspeita

    • A afinidade do fenômeno da consciência com a atestação, da qual dissemos que entranha o ser-verdadeiro e o ser-falso
    • A consciência como o lugar por excelência onde as ilusões sobre si mesmo estão intimamente misturadas à veracidade da atestação
    • A suspeita incidindo muito precisamente sobre o pretendido excedente de sentido que a ideia de consciência parece sobrepor ao conceito maior da ética: voto de viver-bem (com as adições que se sabem), obrigação e convicção
    • A re-inscrição dos conceitos da ética na dialética do Mesmo e do Outro pela consciência, sob a guisa de uma modalidade específica de passividade, sem nada adicionar ao teor de sentido dos conceitos diretores
    • A metáfora da voz, ao mesmo tempo interior a mim e superior a mim, como o sintoma ou o indício desta passividade fora de par
  • O momento de alteridade que distingue a consciência em Ser e Tempo GA2
    Sein und Zeit
    SZ
    SuZ
    S.u.Z.
    Être et temps
    Ser e Tempo
    Being and Time
    Ser y Tiempo
    EtreTemps
    STMS
    STFC
    BTMR
    STJR
    BTJS
    ETFV
    STJG
    ETJA
    ETEM
    Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
    de Martin Heidegger

  • A autenticidade do fenômeno da consciência e a crítica moralizante

    • A autenticidade deste fenômeno só podendo ser penosamente reconquistada, não propriamente às expensas da metaforicidade enquanto tal da expressão "voz da consciência" – a metáfora não sendo para nós exclusiva de uma verdadeira capacidade desvendadora
    • A reconquista da autenticidade a contracorrente das interpretações moralizantes que dissimulam precisamente a força desvendadora
    • A prova de suspeita se revelando benéfica para recobrar a capacidade desvendadora da metáfora da voz
    • A mobilização da força de denúncia que ressoa, antes do trovão nietzschiano, no golpe de advertência hegeliano
  • A crítica de Georg Wilhelm Friedrich Hegel Hegel
    Georg Wilhelm Friedrich Hegel
    Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
    à má interpretação da consciência

    • A crítica virulenta à má interpretação da consciência que se pode ler nas páginas que a Fenomenologia do Espírito consagra à "visão moral do mundo"
    • O Gewissen sendo solidário de uma dialética de grau superior onde se confrontam a consciência agente e a consciência julgadora, atestada pela continuação do capítulo VI
    • O "perdão", oriundo do reconhecimento um pelo outro dos dois antagonistas confessando o limite dos seus pontos de vista e renunciando à sua parcialidade, designando o fenômeno autêntico da consciência
    • A crítica da visão moral do mundo tomando lugar no caminho desta reconhecimento
    • A crítica acerba atacando "postulados" inteiramente construídos para as necessidades da causa, e nos quais é difícil reconhecer os traços do formalismo kantiano
    • O artifício da construção hegeliana desta figura tomando lugar entre os excessos, transgressões, hipérboles de todas as espécies de que se nutre a reflexão moral e talvez a reflexão filosófica em geral
    • O primeiro postulado: a moralidade, ao mesmo tempo que exige que o dever seja feito, atinge de insignificância a natureza inteira, através da condenação do desejo, que é a natureza em nós
    • O segundo postulado: a moralidade adiando ao infinito o momento da satisfação que no entanto o agente procura na efetividade da ação, por falta de saber produzir alguma harmonia entre o dever-ser e o ser
    • O terceiro postulado: este acordo da forma e do conteúdo não sendo dado aqui-embaixo, é reportado em uma outra consciência, a de um santo legislador situado fora do mundo
    • A crítica se atacando ao "deslocamento equívoco" (die Verstellung) a que se entrega a consciência, traçada que ela é de uma posição insustentável à outra, para tentar escapar às contradições que dissimulam estes postulados da visão moral do mundo
    • A crítica dando "desprezo" a uma hipocrisia que os deslocamentos equívocos não conseguem dissimular
    • A crítica só tendo sentido na perspectiva do momento ulterior do espírito, já presente como em negativo no deslocamento equívoco
    • O achegamento da crítica da visão moral do mundo para o ponto onde o Gewissen se iguala à certeza de si mesmo fazendo com que em Hegel Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
      ressoe ainda só um golpe de advertência, antes que rebente com Nietzsche Nietzsche
      Friedrich Nietzsche
      FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
      o trovão decisivo
  • A crítica de Friedrich Wilhelm Nietzsche Nietzsche
    Friedrich Nietzsche
    FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
    à má consciência

    • O único ponto a reter da segunda dissertação da Genealogia da moral, intitulada "A Falta [Schuld], a má consciência [schlechtes Gewissen] e o que lhe assemelha", sendo o paralelismo com a crítica hegeliana do "deslocamento equívoco"
    • A parentela profunda entre as duas críticas provada por Nietzsche Nietzsche
      Friedrich Nietzsche
      FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
      mesmo quando caracteriza como interpretação falsificante a "má" consciência e como interpretação autêntica a sua própria visão da "grande inocência"
    • O problema em Nietzsche Nietzsche
      Friedrich Nietzsche
      FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
      de saber se o reenvio à Vida "forte" ou "fraca", assegurado pelo método genealógico, atinge o referente último de um deciframento terminal
    • A dissertação parecendo deixar um lugar a um conceito, de alguma sorte neutro, de consciência, pelo elogio que aí é feito da promessa, antídoto do esquecimento
    • O esquecimento, no entanto, tido por uma faculdade de inibição ativa, "uma faculdade positiva em toda a sua força"
    • O domínio de si – esta "mnemotécnica"! – tendo atrás de si uma longa história de tormentos e de torturas que compartilha com o ascetismo que a terceira dissertação ligará à maleficência do padre
    • A má consciência requerendo um desmantelamento completo, que se inicia pela evocação de sinônimos pesados de sentido em alemão, como Schuld – fracamente traduzido por falta –, Schulden – por dívida –, Vergeltung – por represálias
    • O mundo claro, em um sentido, do credor e do devedor – tenebroso, em um outro sentido, da cólera e da vingança
    • A forma mais arcaica de reaver um crédito sendo violentar o devedor: "A compensação [Ausgleich] representa então um convite e um direito à crueldade" (Genealogia da moral, p. 258)
    • A necessidade de não se deixar impressionar pelo tom autoritário de Nietzsche Nietzsche
      Friedrich Nietzsche
      FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
      , proclamando ter descoberto o "foco de origem", o "começo do mundo dos conceitos morais" (ibid., p. 258)
    • A estranha arqueologia onde a pré-história e o futuro se trocam, dos antigos tempos (Vorzeit) dos quais é dito "que eles existem aliás de todo tempo, ou que eles são sempre possíveis de novo" (ibid., p. 263)
    • A ponta anticartesiana e antikantiana de toda esta tirada que mistura a complexidade tenebrosa do castigo à simplicidade aparente da relação de credor a devedor, sendo o importante o adestramento do animal responsável não ser mais levado ao crédito da "vontade livre" e da "espontaneidade absoluta do homem no bem e no mal" (ibid., p. 262) – esta "invenção tão temerária e tão nefasta dos filósofos"
    • A fluidez da origem, oposta à pretensa fixidez do fim, sendo a ocasião de uma "nova interpretação" (ein Neu-interpretieren), de um "acomodamento" ("ein Zurechtmachen) (ibid., 269), que atesta, em retorno, a que ponto as significações tardias atribuídas ao castigo eram sobre-adicionadas
    • A força de interpelação da suspeita, implícita em Hegel Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
      , explícita em Nietzsche Nietzsche
      Friedrich Nietzsche
      FRIEDRICH WILHELM NIETZSCHE (1844-1900)
      , de que consciência igual "má consciência"
    • A pior solução para quebrar esta equação sendo apelar da má à boa consciência, o que permaneceria cativo da mesma problemática viciosa da justificação
  • A "desmoralização" da consciência em Martin Heidegger

  • A concepção da consciência como injunção-atestação

    • A oposição à desmoralização da consciência por uma concepção que associa estreitamente o fenômeno da injunção àquele da atestação
    • O ser-injungido constituindo o momento de alteridade próprio ao fenômeno da consciência, em conformidade com a metáfora da voz
    • Escutar a voz da consciência significando ser-injungido pelo Outro, e fazendo direito à noção de dívida
    • O estágio da moralidade dissociado da tríade ética-moralidade-convicção e hipostasiado em favor desta dissociação, como causa do fenômeno da consciência se ter achado correlativamente empobrecido
    • A metáfora desvendadora da voz ofuscada pela metáfora sufocante do tribunal, em virtude desta dissociação
    • A tríade inteira posta em lugar nos estudos precedentes se dando a ser reinterpretada em termos de alteridade
    • A primeira injunção: ser chamado a viver-bem com e para outrem em instituições justas
    • A existência de uma forma de comando que não é ainda uma lei, segundo uma sugestão de F. Rosenzweig Rosenzweig
      Franz Rosenzweig
      FRANZ ROSENZWEIG (1886–1929)
      em A Estrela da Redenção FRSR
      Estrela da Redenção
      Star of Redemption
      Étoile de la Rédemption
      ROSENZWEIG, Franz. The Star of Redemption. Tr. Barbara E. Galli. Madison: The University of Wisconsin Press, 2005
      (Segundo livro)
    • O comando se fazendo ouvir na tonalidade do Cântico dos Cânticos, na súplica que o amante dirige à amada: "Tu, ama-me!"
    • O comando se fazendo lei e a lei interdição: "Tu não matarás", porque a violência mancha todas as relações de interação, a favor do poder-sobre exercido por um agente sobre o paciente da sua ação
    • O curto-circuito entre consciência e obrigação, para não dizer entre consciência e interdição, de onde resulta a redução da voz da consciência ao veredicto de um tribunal
    • A necessidade de não cessar de remontar a pendente que traz desta injunção-interdição à injunção do bem-viver
    • A injunção se juntando então ao fenômeno da convicção que vimos Hegel Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
      acantonar na esfera da moralidade subjetiva, ao se prosseguir o percurso da ética até a escolha moral em situação
    • O momento de convicção não se substituindo à prova da regra, mas sobrevindo ao termo de um conflito de deveres, segundo a argumentação sobre a ética da decisão em situação
    • A consciência, ao se igualar assim à convicção, dizendo o lado de passividade: "Aqui eu me detenho! Eu não posso de outro modo!"
    • O momento de convicção marcando um recurso aos recursos ainda inexplorados da ética, aquém da moral, mas através dela
    • A invocação dos traços mais singularizantes da phronesis aristotélica para sublinhar o elo que prende a convicção ao fundo ético, através da camada dos imperativos
    • A phronesis, que inclui a regra direita na escolha do phronimos, sendo Gewissen, segundo a exclamação de Heidegger
    • O Dasein não sendo remetido apenas ao seu poder-ser o mais próprio, como no Heidegger de Ser e Tempo GA2
      Sein und Zeit
      SZ
      SuZ
      S.u.Z.
      Être et temps
      Ser e Tempo
      Being and Time
      Ser y Tiempo
      EtreTemps
      STMS
      STFC
      BTMR
      STJR
      BTJS
      ETFV
      STJG
      ETJA
      ETEM
      Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
      , se for guardada a definição de phronesis
    • A consciência, enquanto atestação-injunção, significando que estas "possibilidades as mais próprias" do Dasein são originariamente estruturadas pelo optativo do bem-viver
    • O optativo do bem-viver governando a título secundário o imperativo do respeito e juntando-se à convicção do julgamento moral em situação
    • A passividade do ser-injungido consistindo na situação de escuta na qual o sujeito ético se acha colocado em relação à voz que lhe é endereçada à segunda pessoa
    • O sujeito ético se reconhecendo injungido de viver-bem com e para os outros em instituições justas e de se estimar a si mesmo enquanto portador deste voto, ao se achar interpelado à segunda pessoa
    • A alteridade do Outro sendo a contrapartida, no plano da dialética dos "grandes gêneros", desta passividade específica do ser-injungido
  • A irredutibilidade da alteridade da consciência à alteridade de outrem

    • O terceiro desafio: a questão de se o Outro não é, de uma maneira ou de outra, outrem
    • A tentação forte de aproximar, por contraste, a alteridade da injunção daquela de outrem, enquanto Heidegger rebate a alteridade do apelo à estranh(eir)eza e à nulidade do ser-lançado, e reduz a alteridade da consciência àquela englobante do ser-no-mundo
    • A ultimidade da reconciliação em Hegel Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
      deixando o leitor perplexo quanto à identidade deste outro na "confissão expressa pela visão de si mesmo no Outro" (trad. Hyppolite, t. II, p. 198)
    • O perdão marcando já a entrada na esfera da religião, deixando Hegel Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel
      Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
      seu leitor em suspenso
    • A última equivocidade quanto ao estatuto do Outro no fenômeno da consciência sendo talvez o que pede para ser preservado em última instância
    • A alteridade tranchada em um sentido clara e univocamente antropológico na metapsicologia freudiana: a consciência moral sendo um outro nome do supereu
    • O supereu se resumindo às identificações (sedimentadas, esquecidas, e em grande parte recalcadas) com as figuras parentais e ancestrais
    • A dimensão geracional sendo uma componente inegável do fenômeno da injunção e mais ainda daquele da dívida
    • A objeção à explicação genética de Freud Freud Sigmund Freud de que o fenômeno da injunção e ainda menos o da dívida não são exauridos por ela
    • O soi não constituído originariamente em estrutura de acolhimento para as sedimentações do supereu, tornando impensável a interiorização das vozes ancestrais
    • A aptidão a ser-afetado no modo da injunção parecendo constituir a condição de possibilidade do fenômeno empírico de identificação
    • O modelo geracional da consciência recelando outra enigma mais indecifrável: a figura do ancestral, para além daquela dos pais, iniciando um movimento de regressão sem fim
    • O ancestral se excetuando do regime da representação, como verifica sua captura pelo mito e pelo culto
    • A pietas de um gênero único unindo assim os vivos e os mortos, refletindo o círculo do qual o ancestral tira a autoridade de sua voz
    • O ancestral, figura geracional do Outro, sendo o intermédio pelo qual a injunção se precede a si mesma
    • A oposição, à redução, característica da filosofia de M. Heidegger, do ser em dívida à estranh(eir)eza ligada à facticidade do ser no mundo, de E. Levinas Levinas
      Lévinas
      Emmanuel Levinas
      Emmanuel Levinas (1906-1995), philosophe d’origine lituanienne, naturalisé français en 1930.
      , de uma redução simétrica da alteridade da consciência à exterioridade de outrem manifestada em seu rosto
    • A oposição obstinada ao caráter original e originário do que aparece como a terceira modalidade de alteridade: o ser-injungido enquanto estrutura da ipseidade
    • A injunção pelo outro não sendo solidária da atestação de si, perdendo seu caráter de injunção, por falta da existência de um ser-injungido que lhe faça face à maneira de um respondente
    • A injunção sendo originariamente atestação, sob pena de a injunção não ser recebida e de o soi não ser afetado no modo do ser-injungido
    • A unidade profunda da atestação de si e da injunção vinda do outro justificando o reconhecimento da especificidade irredutível da modalidade de alteridade correspondendo, no plano dos "grandes gêneros", à passividade da consciência no plano fenomenológico
    • A necessidade de manter uma certa equivocidade no plano puramente filosófico do estatuto do Outro, se a alteridade da consciência deve ser tida por irredutível àquela de outrem
    • O filósofo devendo confessar que não sabe e não pode dizer se este Outro, fonte da injunção, é um autrui que se possa avistar ou que possa desavistar, ou os antepassados cuja dívida é constitutiva, ou Deus – Deus vivente, Deus ausente – ou um lugar vazio
    • O discurso filosófico se detendo nesta aporia do Outro

Ver online : Paul Ricoeur


RICOEUR, Paul. Soi-même comme un autre. Paris: Editions du Seuil, 1990.