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ESPERIENZE DEL MONDO
Husserl (2022) – O Mundo e Nós
L’essere umano e l’animale
A Constituição do Mundo Circundante, a Pessoa Humana e a Distinção do Animal
- A vida natural mundana e o surgimento da vida científica
- A vida natural mundana do homem no seu mundo circundante familiar – o seu mundo familiar como horizonte de vida – carecendo ainda de um viver teórico com os seus portadores (cientistas, comunidades científicas) e da transformação parcial do mundo pelas aquisições científicas e a sua admissão no mundo circundante do homem
- A vida científica chega primeiramente a instituição originária no indivíduo como interesse teórico habitual, resultado de um agir teórico voltado para certas aquisições permanentes, cujas premissas conduzem continuamente a aquisições de nível superior
- O efeito pessoal de tal agir é, antes de tudo, uma fundação de si de comunidades estendidas de teóricos
- A vida natural dos interesses varia na sua tipicidade geral, pois uma nova profissão, voltada a elaborar uma teoria da ciência, passa a fazer parte do círculo das profissões, influenciando, assim, a vida natural mundana pela ciência positiva
- A temporalidade pessoal e a verdade na vida prática
- Os homens, enquanto pessoas, já possuíam uma sua temporalidade pessoal, no momento em que tinham diversos interesses dominantes, cada um dos quais se repercute e tem efeitos no seu tempo
- A vida da pessoa é unitária contanto que todos os interesses da pessoa sejam concordes, e não meramente um coletivo que se alterna externamente no tempo pessoal
- Os interesses se influenciam reciprocamente dentro de um conteúdo, dando vida a interesses complexos de nível superior, de forma que cada um, em última análise, modifica o fluxo inteiro da vida e as habitualidades da personalidade em seu todo
- A vida de interesses, enquanto vida voltada aos fins da vontade, é vida prática, feita de êxitos e fracassos, onde a motivação depende da consideração das possibilidades e das escolhas
- A esta vida pertence a reflexão sobre o ser e o não ser e sobre a remoção das modalidades de certeza do ser, ou seja, uma vida doxa (de opinião) ao serviço da práxis correspondente
- A própria vida prática tem uma sua verdade, tendo como correlato aquilo que é em si e por si real em relação às opiniões mutáveis e às frequentes mudanças da apreensão da dação percetiva (ou rememorativa)
- O em-si teórico e a constituição do mundo
- O em-si teórico, correlato da verdade teórico-predicativa, representa um certo aumento da verdade extra e pré-teórica, surgindo de um interesse puro para o ser e o ser-assim, que não é singular, mas total
- Este interesse teorético busca o conhecimento pleno e total (completo) do ser-assim inteiro de um ente real, estendendo-se sem limitações ao mundo, ou adere à totalidade dos tipos de entes e às formas universais
- O interesse teorético se estende da generalidade às particularidades concretas e, de novo, do indivíduo singular, que é considerado em virtude do conhecimento geral já adquirido
- A ciência, como teoria do mundo, produz a formação do linguagem teorético, que torna acessível a cada um a certeza objetiva, verificável por todos mediante um método que é ele mesmo documentado e certificado
- A ciência permite que tome forma, pela primeira vez, o mundo circundante natural e o viver mundano do homem, assumindo este o teórico em sua apercepção
- A subjetividade universal e o horizonte de comunidade
- O interesse teórico, a ciência e a verdade são, em um sentido, ainda relativo-subjetivas, apesar de o mundo ser mundo para todos e identificável por todos em conexão
- O mundo é um horizonte que parte do corpo do indivíduo (seu núcleo circundante de presença perceptivamente real), dado sempre menos perfeitamente na intuitividade da percepção, em um âmbito intuitivo, infinito e contínuo, de possível experiência de objetos reais
- Este âmbito de experiência é possível enquanto experiência singular e comum para todos, na medida em que se pode comunicar, experienciar junto, pensar junto e intercambiar aquisições
- O indivíduo possui uma estável certeza de um universo aberto pelos meus outros, um meu Nós universal, que cada outro Eu, enquanto eu deste Nós, o possui como seu Nós
- O universo da subjetividade, como universo de comunidade, é subjetividade universal, à qual se refere o modo real que é para mim como meu, que é para todos nosso
- O mundo, nesta horizontalidade estável, é antecipado como universo ente, que não recebe um sentido de ser definitivo e total mediante alguma experiência factual
- A correlação entre o nosso mundo e nós, como subjetividade que o conhece, refere-se conscientemente a ele e confere forma ao seu sentido de ser, sendo ela mesma parte do desenvolvimento para a transformação do Nós e do sentido de ser do mundo
- O "Nós" significa "nós homens," que valemos para nós mesmos como pessoas pertencentes a uma comunidade humana
- A problemática das comunidades humanas e o tempo transcendental
- A totalidade pessoal constituída é uma pura comunhão interna e pessoal na forma de uma totalidade
- O mundo se contrapõe a esta totalidade subjetiva, no qual todos os sujeitos são ao mesmo tempo realidades mundanas encarnadas, realidades psicofísicas nas quais o que é pessoal – a alma – é localizado e temporalizado na espaço-temporalidade da natureza
- O tempo monádico (como forma do todo monádico) e o tempo do mundo nele constituído correspondem do ponto de vista transcendental
- A totalidade conectada das pessoas, que não inclui todas as pessoas humanas, é uma totalidade "parcial" (Sonderall)
- A problemática transcendental da justaposição das comunidades humanas e como a relação entre comunidade humana familiar e estrangeira consiste em uma relação de validade intencional, que deve conduzir, mediante a unificação, a uma sobre-nação
- A constituição de um tempo onimonádico e a de um tempo real, de um espaço-tempo, ambos em sua infinidade constitutiva, e a questão do sentido último destes processos
- O homem como pessoa e a distinção fundamental do animal
- O animal é um ser-sujeito, análogo ao homem, que possui uma vida de consciência com um centro, e uma estrutura egóica, mas o homem a possui em um sentido peculiar em relação às particularizações do eu animal
- O eu humano é um eu pessoal, sendo o homem pessoa para si e para todos os co-homens (Mitmenschen), enquanto horizonte de consciência, aberto e sem fim, da comunidade humana
- O homem se configura como eu-sujeito efetivo em uma conexão generativa aberta e sem fim na concatenação e ramificação das gerações
- A pessoa humana adulta se torna tal graças à educação dos pais e dos cossujeitos, e é ela mesma fungente em quanto co-educa, co-determinando o ser pessoal dos outros
- As crianças em sentido próprio são pré-pessoas (Vorpersonen) em estágios que precedem a maturidade, possuindo uma certa consciência do mundo circundante real, mas não ainda do mundo plenamente referido a um "nós todos"
- Apenas os adultos como pessoas humanas normais e em conexão unitária da sua vida comunicativa são sujeitos para o mundo que a eles pertence
- O animal não se desenvolve como pessoa, e o mundo circundante do homem não é apenas o mundo circundante de um animal particular, mais diferenciado
- O homem, como pessoa, é sujeito de um mundo cultural, sendo o correlato da comunidade universal pessoal
- O animal não vive (conhecendo-o) em um mundo cultural, e o homem é um ser histórico, vivendo em uma "comunidade humana" que é ela mesma histórica e produz história
- O mundo circundante humano possui um significado espiritual que lhe deriva dos homens e da comunidade humana total
- A criação cultural e o tempo histórico
- A geração animal repete em seu presente comunitário um seu específico mundo circundante com a tipicidade específica desta espécie
- O mundo cultural humano está em contínuo desenvolvimento, sendo a cultura de cada ser humano presente o terreno para uma nova criação cultural da nova geração
- O rosto cultural do mundo tem uma sua tipicidade que se repete concretamente, mas para os homens vale o dito "tempora mutantur et nos mutamur in illis" (os tempos mudam e nós mudamos neles)
- O animal não cria um sistema de aquisições espirituais, não possui a unidade de um tempo que atravessa as gerações como tempo histórico, nem a consciência de um mundo que o atravessa
- O homem tem projetos, opera escolhas entre os possíveis válidos e se conecta aos outros em um agir comum tramite uma comunitarização dos valores, enquanto o animal realiza "instintos"
- O animal não tem faculdade de saber de um mundo ente, de coisas persistentes no tempo, em mutação, causalidade, unitário graças à espaço-temporalidade universal
- O animal não tem nenhuma "proposição," nem em sentido estrito, nem em sentido amplo, e não possui nenhuma língua
- A empatia e o limite entre o humano e o animal
- O reaver os animais no nosso modo mediante uma forma de empatia que é uma variação assimilante da empatia co-humana
- A assimilação do corpo físico vivido (Leibkörper) estranho como corpo vivo, e a apreensão do sistema dos órgãos do animal como sistema dos órgãos perceptivos e práticos
- O animal não sentindo totalmente como nós, mas percebendo as mesmas coisas, sendo o que é assimilado as manifestações da mesma coisa
- O problema dos animais residindo nas diferenças essenciais do ponto de vista psíquico, e no papel permanente das forças instintivas
- A questão se os animais possuem autênticos recordos que intuitivamente se repetem, e representações intuitivas de fantasia, e se têm representações de objetivos, escopos na forma de modelos antecipantes
- A psicologia é principalmente psicologia humana, que pousa primariamente e propriamente sobre a experiência, enquanto a psicologia dos animais é puramente construtiva.
Ver online : Edmund Husserl
HUSSERL, EDMUND. ESPERIENZE DEL MONDO : l’essere umano e l’animale. Milano: MIMESIS EDIZIONI, 2022.