Haugeland (2013:143) – ser-jogado [Geworfenheit]

Na palavra “thrownness” [Geworfenheit], a forma do verbo incorporado é tão importante quanto o próprio verbo: ele está tanto no pretérito quanto na voz passiva. Assim, o dasein sempre já foi jogado. E a implicação de que esse fato de ter sido jogado é algo que aconteceu com ele — ou, de qualquer forma, algo com o qual ele agora está preso — é claramente intencional. Pois Heidegger também fala (aqui e em outros lugares) do dasein como sendo entregue a si mesmo ou ao seu aí: abandonado à sua própria sorte, por assim dizer.

Qualquer que seja a formulação, o ser-jogado implica claramente algum tipo de “determinação factual” no dasein: seu viver — incluindo o fato de ter vivido e ser capaz de viver — desta maneira e não daquela. Mas como essa determinação só pode ser uma questão de como ele vive, ela não pode ser a mesma categoria ontológica que a factualidade das coisas. De fato, ela não é estritamente uma categoria, mas sim um existencial. Heidegger a chama de facticidade [Faktizität].

[HAUGELAND Haugeland
John Haugeland John Haugeland (1945-2010) , John. Dasein disclosed: John Haugeland Haugeland
John Haugeland John Haugeland (1945-2010) ’s Heidegger. Cambridge, Mass: Harvard University Press, 2013]