Fenomenologia, Existencialismo e Daseinsanálise

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GA5:194 – episteme e techne

quinta-feira 21 de novembro de 2024

[…] Aristóteles Aristoteles
Aristote
Aristóteles
Aristotle
Para Heidegger, Aristóteles é com efeito toda a filosofia, por esta razão passou sua vida a situar, demarcar, mensurar, em resumo questionar em sua dimensão mesma de lugar, este lugar comum a toda humanidade.
designa por episteme tis o por ele caracterizado contemplar do ente enquanto ente [Beschauen des Seienden als des Seienden], um modo [Weise] em que assim se encontra o nosso ver e perceber [Sehen und Vernehmen], designadamente, no estar-presente [Anwesen] enquanto tal. A [episteme], enquanto modo do estar-em [Weise des Dabeistehens], é, no que permanentemente está-presente ele mesmo, uma espécie de estar-presente humano no que está-presente não-encoberto. Nós mesmos precipitamo-nos no errar se traduzirmos a palavra episteme por ciência [Wissenschaft], e deixarmos à discrição que se diga com esta palavra o que, justamente, nos é conhecido sob a designação de ciência em geral. Mas se, apesar disso, traduzirmos aqui episteme por ciência, então esta interpretação só terá razão, se entendermos o saber [Wissen como o ter-visto [Gesehenhaben] e pensarmos o ter-visto a partir daquele ver que se encontra ante o aspecto do que está-presente enquanto o que está-presente e visa o estar-em-presença ele mesmo. A partir do saber assim pensado a episteme tis de Aristóteles Aristoteles
Aristote
Aristóteles
Aristotle
Para Heidegger, Aristóteles é com efeito toda a filosofia, por esta razão passou sua vida a situar, demarcar, mensurar, em resumo questionar em sua dimensão mesma de lugar, este lugar comum a toda humanidade.
conserva, e de certo, não por acaso, a conexão essencial àquilo que Hegel Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel
Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831)
chama “a ciência”, cujo saber, evidentemente, se transformou com aquela transformação do estar-presente do que está-presente. Se entendermos o nome “ciência” apenas neste sentido, então as assim chamadas ciências são ciência em segunda linha. As ciências, no fundo, são filosofia, mas são-no de uma maneira em que abandonam o seu próprio fundamento e se instalam, a seu modo, naquilo que a filosofia lhes abriu. Este é o domínio da techne [Das ist der Bereich der τέχνη].

[HEIDEGGER, Martin. Caminhos de Floresta. Tr. Irene Borges-Duarte Borges-Duarte Irene Borges-Duarte et alii. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2014, p. 224]


Ver online : Holzwege [GA5]