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GA41:169-170 – a priori
domingo 16 de abril de 2017
A prioridade do a priori é a prioridade da essência da coisa [Wesens der Dinge]. O que possibilita a uma coisa ser aquilo que é precede essa coisa, de acordo com a própria questão e com a «natureza», mesmo se concebemos este precedente, pela primeira vez, a partir da tomada de conhecimento de quaisquer propriedades mais imediatas da coisa (sobre a prioritas naturae cf. Leibniz Leibniz LEIBNIZ, Gottfried Wilhelm (1646-1716). Leibniz centraliza sua reflexão sobre o "tema" que H tem por central em toda filosofia desde Platão e Aristóteles: a questão do ser. (LDMH) , ed. Gerhard, II, p. 263, carta a de Volder de 21.01.1704). Na ordem da compreensão explícita, o que precede, de acordo com a natureza da questão, é posterior. O πρότερον φύσει é ύστερον πρός ήμας: Ο facto de aquilo que precede, de acordo com a natureza da questão, ser posterior na ordem do conhecimento conduz facilmente e repetidamente ao erro de se pensar que ele é também posterior por natureza e, por consequência, sem importância e, no fundo, indiferente. A esta opinião, largamente difundida e, acima de tudo, cômoda, corresponde uma cegueira peculiar em relação à essência da coisa e em relação à importância determinante do conhecimento da essência [Wesen]. O predomínio de uma tal cegueira em relação à essência constitui sempre um obstáculo para uma transformação do saber e das ciências. Por outro lado, as transformações decisivas do saber e da atitude do homem para com ele dependem do facto de aquilo que precede por natureza ser tomado, para que o questionar [Fragen] se possa fazer correctamente, como o que está primeiro e como tema permanente.
A priori é o nome para a essência da coisa [Das a priori ist der Titel für das Wesen der Dinge]. Conforme o modo como a coisalidade da coisa [Dingheit des Dinges] é concebida e como, em geral, o Ser do ente é compreendido, são interpretados o a priori e a sua prioritas. Sabemos que, para a filosofia moderna, o princípio do eu, quer dizer, o que é pensado no puro pensar do eu, enquanto sujeito eminente, é o primeiro princípio na hierarquia das verdades e das proposições. Assim, acontece, reciprocamente, que tudo o que é pensado [163] no puro pensar do sujeito tem o valor de a priori. A priori é o que, no sujeito [Subjekt], na mente [Gemüt,], está já preparado. A priori é o que pertence à subjectividade [Subjektivität] do sujeito. Pelo contrário, tudo o resto, que se torna acessível através de uma saída do sujeito e de uma penetração no objecto [Eingehen auf das Objekt], através das percepções [Wahrnehmungen], é, visto a partir do sujeito, posterior, a posteriori.
Não podemos entrar aqui na história desta distinção entre a priori (prévio, segundo a posição) e a posteriori (posterior, segundo a posição). Kant Kant Emmanuel Kant (Immanuel en allemand), 1724-1804, é um dos autores de predileção de H., um daqueles do qual mais falou. , de certo modo, foi buscar uma tal distinção ao pensamento moderno e, com o seu auxílio, caracterizou a distinção entre juízos analíticos e sintéticos. Um juízo analítico [analytisches Urteil], que tem meramente no conceito o fundamento que determina a verdade da sua relação sujeito-objecto, permanece antecipadamente no âmbito da análise de conceitos, no âmbito, portanto, do puro pensar; é a priori. Os juízos sintéticos [synthetischen Urteile] são a posteriori. Aqui, devemos, em primeiro lugar, ultrapassar o conceito, em direcção ao objecto, ao qual as determinações são atribuídas «posteriormente».
[Martin Heidegger. Que é uma coisa? Doutrina de Kant Kant Emmanuel Kant (Immanuel en allemand), 1724-1804, é um dos autores de predileção de H., um daqueles do qual mais falou. dos princípios transcendentais. Lisboa: Edições 70, p. 163-164]
Ver online : Die Frage nach dem Ding. Zu Kants Lehre von den transzendentalen Grundsätzen [GA41]