Excerto de SLOTERDIJK, Peter. Esferas I. Bolhas. Tr. José Oscar de Almeida Marques. Rio de Janeiro: Estação Liberdade, 2016, p. 116-119.
Enquanto o misticismo da Contrarreforma, em sua defesa da interioridade mágica e religiosa, envolvia-se em jogos de linguagem cardioteológicos cada vez mais frenéticos, um irresistível desencantamento anatômico do coração havia sido posto em marcha pela pesquisa médica nas universidades europeias. A inicialmente proscrita ciência da dissecção de (…)
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Fenomenologia
Alguns filósofos modernos da Fenomenologia, anteriores e posteriores a Heidegger, referenciados ou não por Heidegger, ou que dialogam com ele.
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Sloterdijk (E1:116-119) – humano = corpo; coração = bomba
16 de junho de 2020, por Cardoso de Castro -
Kierkegaard (CA:Caput V) – angústia e possibilidade
10 de junho de 2020, por Cardoso de CastroMontenegro Valls
Acha-se num dos contos de Grimm uma narrativa sobre um moço que saiu a aventurar-se pelo mundo para aprender a angustiar-se. Deixemos esse aventureiro seguir o seu caminho, sem nos preocuparmos [em saber] se encontrou ou não o terrível [det Forfœrdelige]. Ao invés disso, quero afirmar que essa é uma aventura pela qual todos têm de passar: a de aprender a angustiar-se, para que não se venham a perder, nem por jamais terem estado angustiados nem por afundarem na angústia; (…) -
Byung-Chul Han: da violência originária a insunuosa
4 de junho de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de BYUNG-CHUL HAN. Topologia da violência. Tr. Enio Paulo Giachini. Petrópolis: Vozes, 2017 (epub)
Os gregos chamavam a tortura de ἀυάγκαι. ἀναγαῖος, que significa “necessário” ou “indispensável”. A tortura era percebida e tida como um destino ou uma lei da natureza (ἀυάγκη). Aqui temos diante de nós uma sociedade que sanciona a violência psíquica como meio para um fim. É uma sociedade do sangue, que deve ser distinguida da sociedade moderna, isto é, da sociedade da alma. Naquele (…) -
Foucault: natureza humana, biologia e vida
4 de junho de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de CHOMSKY, Noam & FOUCAULT, Michel. The Chomsky-Foucault Debate. On human nature. New York: The New Press, 2006 (epub)
nossa tradução
É verdade que desconfio um pouco da noção de natureza humana, e pela seguinte razão: acredito que dos conceitos ou noções que uma ciência pode usar, nem todos têm o mesmo grau de elaboração e que, em geral, não têm a mesma função nem o mesmo tipo de uso possível no discurso científico. Vamos tomar o exemplo da biologia. Você encontrará (…) -
Sloterdijk (CRC:460-464) – medicina e suspeita dos corpos
3 de junho de 2020, por Cardoso de Castro[Excerto de SLOTERDIJK, Peter. Crítica da Razão Cínica. Tr. Casanova, Soethe, Rego, Cardozo & Hiendlmayer. Rio de Janeiro: Estação Liberdade, 2012, p. 460-464]
"Talvez a verdade seja uma mulher que tem razões para não deixar ver suas razões?" (Friedrich Nietzsche, A gaia ciência)
Mesmo o médico, pelo menos o médico marcado pela medicina moderna científico-natural, exerce uma atividade de um tipo polêmico: o que é praticado sob o ponto de vista positivo como “medicina” vem à tona em (…) -
Sloterdijk (CRC:361-365) – poder médico
3 de junho de 2020, por Cardoso de Castro[Excerto de SLOTERDIJK, Peter. Crítica da Razão Cínica. Rio de Janeiro: Estação Liberdade, 2012, p. 361-365]
Todo poder parte do corpo, dissemos acima. Como é que isso se faz valer no caso do poder da medicina? Três respostas são aqui possíveis:
1. O trabalho do médico baseia-se em sua ligação com as tendências naturais da vida para a autointegração e para a resistência à dor. Ele tem, portanto, dois aliados ao seu lado, a vontade de viver e os remédios medicinais. Se souber lidar com (…) -
Sloterdijk (CRC:365-368) – o cinismo da medicina
3 de junho de 2020, por Cardoso de Castro[Excerto de SLOTERDIJK, Peter. Crítica da Razão Cínica. Tr. Casanova, Soethe, Rego, Cardozo & Hiendlmayer. Rio de Janeiro: Estação Liberdade, 2012, p. 365-368]
O kynismos da medicina começa no instante em que, ao ajudar, na condição de quem toma o partido da vida contra as obnubilações de doentes e poderosos, alguém coloca em ação de uma maneira frívola e realista o seu saber sobre o corpo e sobre a morte. Com frequência, o médico não lida com os sofrimentos do destino, mas com as (…) -
Sloterdijk (CRC:359-361) – Crise da Medicina
3 de junho de 2020, por Cardoso de Castro[Excerto de SLOTERDIJK, Peter. Crítica da Razão Cínica. Tr. Casanova, Soethe, Rego, Cardozo & Hiendlmayer. Rio de Janeiro: Estação Liberdade, 2012, p. 359-361]
Em todas as culturas, há sempre grupos de homens que são conduzidos por suas tarefas profissionais a desenvolver diversos tipos de realismo na lida com corpos que estão morrendo ou que foram mortos: o soldado, o carrasco, o padre. Na práxis médica, contudo, constrói-se o mais minucioso realismo em relação à morte: uma (…) -
Ricoeur: Confiança mútua médico e paciente
31 de maio de 2020, por Cardoso de CastroExcerto de RICOEUR, Paul. Os Três Níveis do Juízo Médico. Tr. José Maria Silva Rosa. Covilhã: Lusosofia, 2010, p. 5-9
Porque é que é preciso partir do nível prudencial? É este o momento de lembrar as situações em que se aplica a virtude da prudência. O seu domínio é o das decisões tomadas em situações singulares. Enquanto a ciência, afirma Aristóteles, diz respeito ao universal, a technê diz respeito ao particular. Isto é eminentemente verdadeiro na situação em que a profissão médica (…) -
Flusser (2018:23-36) – concentração - pensamento - vontade
29 de maio de 2020, por Cardoso de CastroOs exercícios mentais que fazem parte da disciplina da ioga começam pela “concentração”. Aquele que, movido por curiosidade ou por descrença nos métodos ocidentais do conhecimento, compra uma Introdução aos Segredos do Yoga e ensaia esse primeiro exercício mental sofre um choque curioso. O livro recomenda, em síntese, a eliminação de todos os pensamentos, salvo um único arbitrariamente escolhido. Parece tratar-se, portanto, de uma recomendação de fácil execução. O choque de surpresa reside (…)