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The Oxford Handbook of Contemporary Phenomenology
Barbaras (2012) – A fenomenologia da vida: o desejo como o ser do sujeito
Dan Zahavi (ed.)
1. A Lição do A Priori de Correlação e a Aporia da Consciência na Fenomenologia Transcendental
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A Tarefa Fenomenológica como Elaboração do A Priori Universal de Correlação e a Dependência Essencial do Ser: Edmund Husserl Husserl
Edmund Husserl EDMUND HUSSERL (1859-1938) , na Crise das Ciências Europeias e a Fenomenologia Transcendental, caracteriza a tarefa da fenomenologia como a elaboração do a priori universal de correlação entre o ser transcendente e seus modos subjetivos de doação, ou seja, entre o mundo e a consciência, o que significa que «Todo ente que é válido para mim e todo sujeito concebível como existente na atualidade é assim correlativamente — e com essencial necessidade — um índice de suas sistemáticas multiplicidades», e que «nenhum ser humano concebível, não importa quão diferente o imaginemos, poderia jamais experimentar um mundo em maneiras de doação que diferissem da incessantemente móvel relatividade que delineamos em termos gerais: isto é, como um mundo pre-dado a ele em sua vida consciente e em comunidade com seres humanos semelhantes» (Husserl Husserl
Edmund Husserl EDMUND HUSSERL (1859-1938) 1970, p. 165), implicando que o Ser do mundo sempre remete a uma consciência, assim como a referência ao mundo está incluída no Ser de toda consciência. -
O Estatuto Transcendente do Ente que Aparece no A Priori de Correlação e a Doutrina da Doação por Sombramento (Abschattungslehre): O a priori de correlação estipula a relatividade do ser transcendente à consciência, ou seja, a dependência do seu Ser vis-à-vis a sua aparição, mas o ente que aparece está sempre ausente da sua própria aparição (ou aparições), pois é o sujeito destas e permanece oculto por suas próprias aparências, sendo que essa distância do que aparece é a própria transcendência (irredutível e inelutável, não referindo-se a uma dimensão além da aparência); afirmar que a essência do ente consiste em seu aparecer é dizer que ele se retira continuamente por detrás das aparências, mas que se revela nelas, oferecendo-se a uma exploração que o faz recuar incessantemente, o que é capturado pela doutrina da doação por sombramento (Abschattungslehre).
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A Consequência Problemática da Correlação no Âmbito da Consciência: A Dificuldade da Reconciliação do Absoluto e do Intra-Mundano: O a priori de correlação é vinculante para a consciência, significando que sua essência (intencionalidade) implica sua relação com um transcendente, mas, embora a consciência seja aquilo a que o mundo aparece, ela é também um ente que pertence ao mundo, o que leva à aporia reconhecida por Husserl Husserl
Edmund Husserl EDMUND HUSSERL (1859-1938) : «Assim, por um lado, diz-se que a consciência é o absoluto no qual tudo o que é transcendente e, portanto, em última análise, o mundo psicofísico inteiro, se constitui; e por outro lado, diz-se que a consciência é um evento real subordinado dentro daquele mundo. Como podem essas declarações ser reconciliadas?» (Husserl Husserl
Edmund Husserl EDMUND HUSSERL (1859-1938) 1983, p. 124), sendo a dificuldade a de como o absoluto, do qual o mundo se origina, pode também ser um evento que ocorre dentro do mundo. -
As Duas Atitudes Possíveis Diante da Aporia da Consciência: A Dificuldade da Auto-Constituição Misteriosa e a Necessidade de uma Dimensão Mais Originária: Diante do problema da dualidade (constituição e intra-mundano), a primeira atitude possível é manter a dualidade e concluir, como Husserl Husserl
Edmund Husserl EDMUND HUSSERL (1859-1938) , uma auto-constituição misteriosa (da consciência empírica pela consciência transcendental), o que proíbe definitivamente pensar a unidade ao insistir na dualidade do transcendental e do empírico em detrimento da sua unidade (removendo o sujeito transcendental da correlação ao torná-lo um absoluto); a segunda via é enfatizar a simetria da correlação contra a assimetria husserliana (que torna o mundo relativo a uma consciência que não é relativa ao mundo), afirmando que a transcendentalidade desta consciência envolve sua empiricidade, e que seu pertencimento ao mundo condiciona sua atividade constituinte, o que implica rejeitar a distinção entre o transcendental e o empírico em favor de uma dimensão mais originária (que ultrapassa a cisão entre o absoluto e o evento) para se descobrir um sentido do Ser subjetivo completamente alheio à separação entre o empírico e o transcendental.
2. A Vida como Solução da Aporia da Correlação e Dimensão Primordial do Sujeito
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A Vida como Ponto de Convergência para Caracterizar o Ser do Sujeito de Correlação: A questão central (como pode o sujeito ser ao mesmo tempo parte do mundo e condição do mundo?) é respondida pela caracterização husserliana da consciência transcendental por meio das experiências vividas (Erlebnisse), sendo que a experiência pela qual o mundo aparece remete à vida, e esta mesma dimensão da vida é encontrada na caracterização do sujeito empírico como realidade psicofísica; a opção mais produtiva é buscar o parentesco primordial que justifica o uso do mesmo conceito , uma vez que a vida transcendental deve conter «algo vivo» para poder ser caracterizada como tal.
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O Sentido da Vida como Superação da Cisão e o Parentesco Mais Primordial entre o Ser e a Experiência: A vida é esse parentesco primordial, anterior à cisão entre atividade constituinte e existência psicofísica, significando indistintamente «ser vivo» (leben, intransitivo) e «experimentar» (erleben, transitivo) (o que em francês o termo life captura); esta vida que é indistintamente existência no mundo e experiência do mundo corresponde ao sentido de Ser procurado, estando situada ontologicamente antes da partição entre o empírico e o transcendental, unindo no seu cerne o pertencimento ao mundo e a fenomenalização do mundo.
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A Fenomenologia da Vida como Projeto Originário e a Desvinculação da Abordagem Biológica: Interrogar o sentido do Ser do sujeito à luz do a priori de correlação leva a uma dimensão onde experiência subjetiva e pertencimento, atividade transitiva e existência intransitiva, se combinam e se fundem, sendo esta a dimensão da vida , o que inevitavelmente abre a fenomenologia para uma fenomenologia da vida ; esta abordagem permite conceber a vida sem os preconceitos da biologia ou de abordagens filosóficas que tomam a compreensão biológica da vida como ponto de partida, exigindo uma saída da atitude naturalista e o abandono da referência à vida como propriedade de um organismo vivo.
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A Caracterização da Vida como Primordial e as Duas Conclusões Fundamentais para o Status do Sujeito: A vida deve ser abordada como uma dimensão originária ou primordial que está numa posição intermediária em relação à cisão entre o empírico e o transcendental, sendo a atividade transcendental em si mesma como atividade, o que implica um ato dentro do mundo; daí decorrem duas conclusões: a primeira, que a abordagem liberta a questão da vida da de viver, permitindo pensar o viver a partir de sua vida ; a segunda, que se a vida é um sentido de Ser no cerne do qual fenomenalizar o mundo e pertencer a ele se unem, o pertencimento do sujeito ao mundo não pode ser mera inclusão, e a maneira como o sujeito faz o mundo aparecer não pode ser reconstruída apenas no jogo das experiências vividas (vécus immanents).
3. O Desejo como Essência Dinâmica da Vida e o Encontro com a Transcendência
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O Movimento como Chave para a Caracterização da Essência da Vida : A vida do sujeito deve ser caracterizada pelo movimento incessante através do qual o ser vivo mantém a relação com o seu mundo, sendo o auto-movimento dentro do mundo a única forma de significar um modo de pertencimento ao mundo que não se confunda com simples localização, escapando o movimento ao mundo por não estar em parte alguma dele; no entanto, o movimento restrito à mudança de lugar expõe à dificuldade da dualidade, pois não se explica o que justifica chamar de movimento uma atividade transcendental alheia à mudança de lugar.
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A Fundação do Conceito Extensivo de Movimento na Vida e a Necessidade de uma Determinação Mais Profunda: A propensão do conceito de movimento a proliferar e se «metaforizar» (como em movimento de ideias ou de simpatia) é fundada pela própria vida : fala-se de movimento onde quer que a vida surja; o movimento remete à vida , e o problema é saber no que consiste essa vida que pode dar origem a movimentos no sentido estrito, mas não se esgota neles.
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O Desejo como a Caracterização da Vida que Responde à Dupla Condição da Correlação: A vida que define o Ser do sujeito é mais que simples movimento e menos que pura experiência, sendo uma experiência fundida com um avanço (ou um movimento que desvela seu próprio objeto), e é a condição da aparição de um ente que se retira por trás das aparências; o Desejo é o que responde a esta dupla condição, pois ele só experimenta seu objeto avançando em direção a ele, tomando consciência dele através do ímpeto com que se aproxima, mas de tal forma que o que ele alcança exacerba tanto quanto aplaca.
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O Objeto do Desejo como Transcendência Inesgotável e a Incessante Busca: O Desejo nunca encontra seu objeto senão no modo da própria ausência do objeto, o que o torna insaciável; o Desejo não tem objeto no sentido de que está orientado para aquilo que transcende todos os objetos, e nada pode preenchê-lo, sendo por isso que o que o preenche só serve para o esvaziar ainda mais, efetuando-se somente como movimento; o Desejo é, portanto, o movimento da vida (enquanto esta é parte do mundo) em conformidade com o mundo (que se retira indefinidamente por trás de sua própria aparição), correspondendo o avanço insaciável do Desejo ao excesso não positivo do mundo.
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O Desejo como Afetividade Primordial e a Crítica à Auto-Afecção de Michel Henry Michel Henry
MHEM MICHEL HENRY (1922-2002) : Pensar a vida como Desejo é instalar a afetividade no seu cerne, sendo o Desejo a relação entre consciência e movimento ; no entanto, a abordagem se opõe à fenomenologia da vida de Michel Henry Michel Henry
MHEM MICHEL HENRY (1922-2002) , pois o que caracteriza o Desejo é que ele só se experimenta sendo afetado por um outro (hetero-afecção), sendo indistinguível do movimento que o projeta para o mundo (o ser-junto-a-si [être-auprès-de-soi] exigindo uma entrada na exterioridade), enquanto Henry remete o movimento a um poder de auto-afecção (poder de possuir a si mesmo) que se funde com a completa imobilidade (sinônimo de morte). -
O Distanciamento da Ontologia da Morte de Hans Jonas Hans Jonas JONAS, Hans e a Caracterização da Vida como Desejo em vez de Necessidade : A abordagem se opõe radicalmente às teorias que, desde a Antiguidade (como mostra Hans Jonas Hans Jonas JONAS, Hans ), são prisioneiras de uma «ontologia universal da morte» (na qual a matéria inerte é a norma ontológica), pensando a vida no horizonte da morte, como luta e sobrevivência (cuja atividade própria é a necessidade [need] para a auto-conservação); ao invés de investigar o que a vida luta contra, a fenomenologia pergunta o que ela faz, descobrindo-se que, enquanto sua obra é a fenomenalização do mundo, ela se caracteriza como Desejo em vez de necessidade , pois ela faz aparecer a transcendência do mundo e avança em direção a ela.
4. A Falta de Ser como Fundamento Ontológico do Desejo e o Arque-Movimento
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O Desejo como Busca de Si e Tentativa de Auto-Realização a Partir de uma Falta Ontológica: Uma dimensão mais ontológica do Desejo revela que ele é, em seu cerne, um desejo de si , procedendo de uma lacuna ou falta ontológica (lack of being), pois está orientado para um outro porque seu próprio Ser reside neste outro, sendo a busca de si na transcendência do mundo (transcendência cuja irredutibilidade é a medida da falha ontológica que o separa de si mesmo); o Desejo é condenado a uma busca interminável, cuja insaciabilidade é a medida da auto-privação do sujeito.
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O Parentesco Ontológico como Motor Profundo do Desejo e o Novo Sentido de Pertencimento: O Desejo manifesta um parentesco ontológico mais profundo entre o sujeito e o mundo, sendo o sujeito feito da mesma substância que o mundo, e o seu Ser residindo no mundo; o pertencimento não é mais inclusão ou habitação dinâmica, mas parentesco ontológico, no sentido de que o sujeito procede ontologicamente do mundo (o que marca a passagem do quadro fenomenológico de correlação para o quadro ontológico da comunalidade de ser).
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A Dinâmica do Mundo Implicada pelo Sujeito como Movimento e o Conceito de Processo : Se o sujeito é movimento , o mundo ao qual pertence ontologicamente deve ser concebido como uma realidade dinâmica que existe como movimento ou devir; o Desejo (o movimento que o sujeito pressupõe) envolve um sentido de pertencimento a um mundo que não é uma totalidade abrangente, mas sim um processo , como percebido por Jan Patočka Patocka
Patočka
Jan Patocka
Jan Patočka Jan Patočka (1907-1977) ao afirmar: «O devir e o movimento que estão nas origens de todas as nossas experiências são eles mesmos impossíveis sem um devir e um movimento mais elementares e profundos que é, não o movimento na experiência e no mundo, mas sim o devir e o movimento do mundo enquanto tal; devir ontológico». -
O Arque-Movimento como Fundamento Ontológico Comum e a Natureza (Phusis) como Essência-Evento: O sujeito é uma realidade essencialmente dinâmica que, concebida como tal, leva a uma essência dinâmica do próprio mundo, sendo ambos as modalidades ou movimentos de um único movimento primordial; o Arque-movement é a dimensão que dá um tecido comum e torna os dois polos da correlação possíveis, antes de sua relação mútua, sendo o trabalho da phusis (natureza) anterior a toda objetificação e subjetificação, e a essência entendida como evento (o advento do ente); para Patočka Patocka
Patočka
Jan Patocka
Jan Patočka Jan Patočka (1907-1977) : «O que é constantemente presente não é somente o eidos, a forma, mas da mesma maneira e de uma maneira ainda mais fundamental, a progressão do não-Ser ao Ser, metabole, movimento» (Patočka Patocka
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Jan Patocka
Jan Patočka Jan Patočka (1907-1977) 1988: 133). -
O Arque-Movimento como Processo de Aparição e de Fenomenalização do Próprio Mundo: O Arque-movement da phusis é o movimento da aparição em si mesma, significando que as coisas só podem aparecer para nós porque aparecem primeiro em si mesmas (preparando-se para nossa apreensão); é o próprio mundo que é o sujeito ou a fonte de sua aparição, sendo o movimento através do qual vamos em direção ao mundo precedido por um movimento através do qual o mundo se manifesta e se estende em direção a nós (Patočka Patocka
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Jan Patocka
Jan Patočka Jan Patočka (1907-1977) 1995: 32). -
O Arque-Movimento como Processo Ontogenético de Individuação e Delimitação do Fundamento: O Arque-movement é o processo pelo qual o mundo emerge da noite da indiferenciação (sinônimo de não-Ser) para se constituir como mundo (multiplicidade de entes), sendo uma operação ontogenética de passagem incessante do fundamento à multiplicidade pela diferenciação dentro do fundamento; o processo de individuação constitui os entes como unidades, mas nunca exaure o poder do fundamento; o que é dado como forma ou princípio de unidade (espaço, tempo) é o sedimento dessa indiferenciação no múltiplo (Patočka Patocka
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Jan Patočka Jan Patočka (1907-1977) 1995: 157).
5. A Vida da Manifestação e a Integração da Metafísica do Arque-Evento
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A Manifestação como Delimitação e Unescondimento : A manifestação não repousa unicamente na atividade de um sujeito, mas é precedida pela aparição do mundo, concebida como delimitação e determinação de um ente (individuação por separação, síntese material), que é o primeiro sentido de definição (traçar uma fronteira, finis) (Patočka Patocka
Patočka
Jan Patocka
Jan Patočka Jan Patočka (1907-1977) 1995: 114); distinguem-se dois graus de manifestação: a manifestação como delimitação (trabalho do mundo) e a manifestação como unescondimento (atividade subjetiva que re-compreende a fronteira traçada). -
A Vida como Arque-Movimento de Manifestação Universal e a Reversão da Relação com o Ser Vivo: A vida é o sentido do Ser que, sendo Desejo , conduz ao processo do mundo; o Arque-movement é também o movimento de uma vida , uma vida do mundo (no sentido phusis aristotélico) que se destaca da referência a um único ser vivo e é transferida para o mundo em si; o ser vivo repousa inteiramente no poder de fenomenalização que é originariamente o poder do mundo, o que reverte a relação: somos seres vivos porque somos atravessados por uma vida que é, em primeira instância, a do mundo.
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O Arque-Evento de Separação como Condição da Singularidade Subjetiva e a Virada para a Metafísica: O Arque-movement do mundo, que o sujeito retoma na forma do Desejo , não permite explicar a perda que traz o Desejo ; a individuação por separação (o nascimento do sujeito) é uma inflexão ou deriva no Arque-movement (um movimento dentro de um movimento, que é um evento); o Arque-event de separação é o que afeta o Arque-movement em si mesmo, sendo a cisão no cerne do movimento fenomenalizante que exila o movimento em um ser singular e gera a saudade de retornar à sua origem (o sujeito como unidade desta perda e desta saudade).
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O Desejo como Falta de Si e Busca de Si no Outro e a Estrutura da Perda: O Desejo manifesta o parentesco ontológico (a comunalidade) e a distância/separação (a cisão) do sujeito e do mundo (e de si mesmo), sendo a sua inextinguibilidade a medida da separação radical do sujeito de si mesmo (o Desejo é a perda fundamental do si); a individuação do sujeito se dá pela separação e, por ter perdido o mundo ao qual pertence ontologicamente, o movimento de fenomenalização que ele herda do mundo inverte a direção e se torna um movimento de unescondimento do mundo.
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A Necessidade do Recurso à Metafísica e a Integração dos Três Níveis de Análise: A cisão que gera o Desejo (o Arque-event) é o que se deve pressupor para explicar a fenomenalidade, mas evade o quadro ontológico e tem um estatuto metafísico, sendo a fenomenologia consistente somente ao integrar três níveis: o nível fenomenológico da correlação (sujeito como Desejo [Desire] e mundo); o nível ontológico do Arque-movement (fundamento do parentesco ontológico); e o nível metafísico do Arque-event de separação (condição da emergência do sujeito e, portanto, da correlação); a fenomenologia da vida exige, ao mesmo tempo, uma ontologia do Arque-movement e uma metafísica do Arque-event .
6. Êxodo , Exílio , Morte e o Arque-Evento
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A Diferença de Grau entre Ser Humano e Animal: A Ressonância do Arque-Evento e o Sentido da Separação: Toda vida é caracterizada pelo Desejo , sendo todo ser vivo individuado por separação (afetado pelo Arque-event ); a diferença entre o ser humano e o animal é de grau na proporção da ressonância do Arque-movement e da profundidade da separação; o animal é uma criatura cósmica (mantendo o poder da Arque-life, sendo o seu Desejo mais movimento do que experiência, tomando a forma de um êxodo ); o ser humano é um ser metafísico (o poder do Arque-movement silenciado pela violência do Arque-event , sendo o seu Desejo realizado como experiência vivida [vécu] mais do que movimento, e a sua separação tomando a forma de exílio ).
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A Morte como Retorno à Arque-Vida Universal e Negação da Negação Originária: Numa fenomenologia de vida , a Morte não tem um estatuto especial ou igual ao da vida, pois a vida não aceita outro senão a si mesma, sendo sinônimo do Arque-movement de aparição; a morte do vivo é a negação do vivo que a carrega, sendo um retorno à Arque-life universal (uma regressão ao regime geral de individuação); a Morte é a negação da negação originária que é o Arque-event , sendo des-diferenciação, e possuindo por isso um estatuto metafísico; a Morte não é o desaparecimento da vida , mas o fim do Desejo .
Ver online : Renaud Barbaras
ZAHAVI, Dan (ed.). The Oxford handbook of contemporary phenomenology. Oxford: Oxford University Press, 2012.