Página inicial > Léxico Grego > Aubenque (2013) – Os múltiplos significados do ser

Le problème de l’être chez Aristote

Aubenque (2013) – Os múltiplos significados do ser

Tópicos do Capítulo II §3

  • A gênese das distinções fundamentais do ser em Aristóteles como uma resposta necessária aos desafios colocados pela aparência sofística e pelas aporias megáricas, em contraste com a solução de Platão, que situava a alteridade no não-ser, enquanto Aristóteles a reintegra ao ser como uma de suas modalidades e a reconhece na estrutura mesma da linguagem.

  • A insuficiência de estabelecer a distinção geral entre ser por si e ser por acidente, ser em ato e ser em potência, exigindo-se uma investigação mais profunda sobre a natureza dessas potências de ser e sobre os tipos específicos de alteridade que convêm a um sujeito determinado.

  • A transição da possibilidade lógica da atribuição, fundada nas distinções gerais do ser, para a realidade concreta da predicação, a qual determina uma nova distinção dos sentidos da cópula e dá origem às figuras da predicação, as categorias.

  • A enumeração mais completa dos múltiplos sentidos do ser no livro E da Metafísica, que inclui o ser por acidente, o ser como verdadeiro, as figuras da predicação e, finalmente, o ser em potência e em ato.

  • O estatuto problemático e aparentemente insolente do ser como verdadeiro dentro da classificação dos sentidos do ser, cuja menção serve para anunciar um desenvolvimento posterior que o qualificará como um sentido impróprio, por residir no pensamento e não nas coisas.

  • A dualidade interpretativa na concepção aristotélica da verdade, oscilando entre uma concepção lógica, que a localiza na composição do pensamento, e uma concepção ontológica, que a situa nas próprias coisas como seu ser-compostas ou ser-separadas.

  • A interpretação de Heidegger, que privilegia a concepção ontológica da verdade e vê no livro Θ o ápice do pensamento de Aristóteles sobre o ser do ente, em oposição à leitura de Brentano Brentano
    Franz Brentano
    BRENTANO, Franz (1838-1917)
    , que enfatiza a verdade como uma função do juízo.

  • A tentativa de superação da aparente contradição entre os textos através da noção de que o ser como verdadeiro redobra o "outro gênero do ser", possuindo a mesma extensão que o ser propriamente dito, sem ser uma parte dele.

  • A citação de Aristóteles que estabelece a prioridade ontológica da coisa sobre o pensamento: "Ce n’est pas parce que nous pensons avec vérité que tu es blanc, que tu es blanc, mais c’est parce que tu es blanc, qu’en disant que tu l’es, nous sommes dans la vérité".

  • A tensão inerente à verdade, compreendida como uma precedência da verdade a si mesma, onde a verdade lógica é o discurso humano cumprindo sua função, e a verdade ontológica é o próprio ser enquanto pode ser dito.

  • A aparente contradição no livro Θ, que designa o ser como verdadeiro como "o ser por excelência", em contraste com a exclusão recomendada no livro E, explicável pela distinção entre a verdade lógica a ser excluída e a verdade ontológica que se confunde com o ser próprio.

  • A objeção de que a verdade pode ocorrer tanto no juízo atributivo quanto na simples enunciação, levantando a questão sobre a igualdade de extensão entre o ser como verdadeiro e o ser propriamente dito.

  • A resolução da objeção através da compreensão de que mesmo a enunciação simples implica uma atribuição essencial, e que a distinção entre katáphasis e phásis se refere antes à oposição entre atribuição acidental e atribuição essencial.

  • A conciliação das interpretações de Brentano Brentano
    Franz Brentano
    BRENTANO, Franz (1838-1917)
    e Heidegger, onde o ser como verdadeiro, enquanto ser da cópula, não é um sentido entre outros, mas o fundamento de toda significação, o lugar onde a intenção significativa se transcende em direção às coisas.

  • A citação de Aristóteles que funda a multiplicidade dos sentidos do ser na multiplicidade do dizer: "D’autant de façons l’être se dit, d’autant de façons il signifie".

  • A redução final dos diferentes sentidos do ser aos diferentes modos de predicação, onde as distinções anteriores expressavam a possibilidade da pluralidade, mas são as categorias que constituem efetivamente os sentidos do ser.

  • A abertura do livro Z da Metafísica com uma distinção dos sentidos do ser reduzida à distinção das categorias, confirmando o enraizamento dos sentidos do ser nos modos da predicação.

  • A apresentação da própria essência como um predicável no contexto da pergunta "o que é?", mostrando que a essência, embora seja o sujeito último, constitui-se como sentido do ser precisamente quando é atribuída como resposta a essa questão.

  • A conclusão de que a teoria dos múltiplos sentidos do ser pode ser reduzida à teoria das categorias, definindo-se estas como os sentidos do ser que se constituem no discurso predicativo.


Ver online : Pierre Aubenque


AUBENQUE, Pierre. Le problème de l’être chez Aristote: essai sur la problématique aristotélicienne. 6e éd ed. Paris: PUF, 2013.