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Há que desconstruir a metafísica?

Aubenque (2012) – Heidegger e a Superação da Metafísica

Tópicos do Capítulo IV

  • A crítica interna à metafísica como projeto que, desde sua origem, falha em elucidar o sentido do ser, substituindo a questão ontológica pela investigação ôntica do ente supremo e fundador, cujo próprio ser permanece inquestionado.

  • O desenvolvimento radical da temática do esquecimento do ser no século XX por Heidegger, apesar de precedentes nos neoplatônicos e na análise de Étienne Gilson sobre a essencialização que obscurece a transcendência do ato de ser.

  • A defesa da filosofia de Heidegger contra a acusação de falta de rigor lógico, posicionando-a como uma meta-filosofia ou hermenêutica dos discursos historicamente constituídos sobre o ser, cuja verificação se dá no âmbito da história da filosofia.

  • A evolução do conceito de "superação" (Uberwindung) em Heidegger, que, inicialmente entendido como um procedimento crítico-catártico, é posteriormente refinado como Verwinden – uma superação que suporta e aprofunda a tradição metafísica, em vez de simplesmente descartá-la.

  • O vocabulário da "destruição" (Destruktion) em Ser e Tempo GA2
    Sein und Zeit
    SZ
    SuZ
    S.u.Z.
    Être et temps
    Ser e Tempo
    Being and Time
    Ser y Tiempo
    EtreTemps
    STMS
    STFC
    BTMR
    STJR
    BTJS
    ETFV
    STJG
    ETJA
    ETEM
    Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
    , interpretado não como aniquilação, mas como um desmontar (Abbau) das representações tradicionais para recuperar as experiências originárias do ser que a metafísica acumulou e ocultou.

  • A ambiguidade inicial do projeto de destruição, que parecia visar um retorno à radicalidade grega, mas que revela uma contínua subterrânea entre a ontologia grega e a moderna, exemplificada pela identidade entre o hypokeimenon aristotélico e o subjectum cartesiano.

  • A crítica da tradição em geral como um mecanismo que, ao transmitir, trivializa e oculta a origem, levantando a questão aporética de como remontar a uma origem cuja pureza se perdeu irremediavelmente na transmissão.

  • A resolução progressiva de Heidegger da nostalgia da origem, reconhecendo que o pensamento do ser sempre já começou, pois o ser é um Acontecimento sempre em surgimento, não um ente datável – uma posição que Derrida Derrida
    Jacques Derrida
    JACQUES DERRIDA (1930-2004)
    criticará como resquício metafísico.

  • A reconciliação da fenomenologia com a hermenêutica na descoberta de que os gregos eram fenomenólogos originários, e a subsequentemente crucial modificação de Heidegger na compreensão do fenômeno, introduzindo a mediação da "estrutura do ’enquanto’" (Als-Struktur).

  • A análise do discurso apofântico como synthesis, que mostra algo como algo, uma mediação que, ao possibilitar a revelação, introduz simultaneamente a possibilidade da falsidade e do velamento.

  • A identificação do verbo "ser" como cópula com a estrutura linguística sobredeterminada que privilegia o sentido de ousia como presença e permanência, velando, assim, o ser como Acontecimento e temporalidade extática.

  • A consequência hermenêutica de que a ontologia, longe de ser sinônimo de fenomenologia, torna-se ela mesma suspeita como um discurso revelador-simulador, exigindo a destruição não de uma ontologia particular, mas da ontologia como tal.

  • A revisão da relação com os gregos, abandonando a ideia de sua ingenuidade fenomenológica e reconhecendo que o desvelamento e o velamento são co-originários, mesmo na experiência originária.

  • A tese de que o esquecimento do ser não tem um começo histórico, mas sempre já começou, levando à noção de uma "época do ser" (Epoche des Seins), entendida como suspensão ou retenção.

  • A citação de Ser e Tempo GA2
    Sein und Zeit
    SZ
    SuZ
    S.u.Z.
    Être et temps
    Ser e Tempo
    Being and Time
    Ser y Tiempo
    EtreTemps
    STMS
    STFC
    BTMR
    STJR
    BTJS
    ETFV
    STJG
    ETJA
    ETEM
    Sein und Zeit (1927), ed. Friedrich-Wilhelm von Herrmann, 1977, XIV, 586p. Revised 2018. [GA2] / Sein und Zeit (1927), Tübingen, Max Niemeyer, 1967. / Sein und Zeit. Tübingen : Max Niemeyer Verlag, 1972
    que reconhece nos gregos uma compreensão pré-ontológica da verdade que resistia ao encobrimento de sua ontologia, e o posterior reconhecimento da impossibilidade de pensar "de modo mais grego que os gregos".

  • A formulação do problema fundamental por Wittgenstein Wittgenstein Ludwig Wittgenstein (1889-1951) : "O que se expressa na linguagem, não o podemos expressar por meio da linguagem", ecoando o desafio heideggeriano de remontar, por meio da linguagem, para aquém da linguagem.

  • A resposta de Heidegger de que não há alternativa à metafísica, restando apenas a possibilidade negativa e provisória de uma desconstrução interna que a suporte (Verwinden), sem a ilusão de uma evasão definitiva.

  • A questão final sobre se essa auto-superação da metafísica não é a própria essência da metafísica, como um movimento constitutivo de ir além dos limites, inclusive de seus próprios.


Ver online : Pierre Aubenque


AUBENQUE, Pierre. ¿Hay Que Desconstruir la Metafísica? 1st ed ed. Madrid: Encuentro Ediciones, S.A, 2012.